Sinpose: Guild Wars é uma história de aventura e ação em um mundo de fantasia, com elementos de um jogo de RPG. Isso é algo comum, porém, o que torna singular é quando nosso protagonista escolhe uma classe totalmente incomum.
— Lynia, um mundo de sonhos e aventuras, pelo menos era assim até o Rei Demônio e seu exército tomarem metade do continente. Eu diria que meu mundo parece um grande e belo jogo de tabuleiro.
Anos antes, durante o ataque ao vilarejo de Vics…
— Querido, a porta não vai segurar por muito tempo.
— Maria, pegue o Oliver e vá para a saída dos fundos!
— Mas e você, Karlos?
— Eu irei ficar aqui.
— Querido, precisamos de você, não sei para onde iríamos sem você.
— Não se preocupe, irei ganhar tempo para vocês! Cuide do Oliver por mim.
— Mas, querido…
— Vá logo, Maria. A vila já está em chamas, e os monstros estão próximos! Corra para a floresta.
Karlos então dá um beijo em Maria, que logo depois pega seu filho e corre para a saída dos fundos de sua casa. Antes de entrar na floresta, os dois escutam o barulho de uma porta sendo quebrada e um grito de dor logo em seguida.
— Essa é a última memória que tenho do meu pai.
Maria e Oliver conseguem escapar para uma cidade vizinha, que os acolhe de imediato. Os dois ficam lá por um tempo, Maria cuida de Oliver, que tinha apenas 8 anos, enquanto trabalha nas colheitas para garantir seu sustento. Ao completar 10 anos, uma fábrica próxima da vila oferece oportunidades de trabalho para Maria, que receberia três vezes mais do que ganhava trabalhando nas colheitas. Então, sem pensar duas vezes, a jovem mãe começa a trabalhar lá. Os dois vivem bem por um bom tempo, mas a fábrica exigia muito de Maria, que ficava doente constantemente. Até que um dia, uma doença rara e incurável a atinge, deixando-a acamada e impossibilitada de trabalhar, o que resulta em sua demissão e na perda total de seu sustento. Vários curandeiros tentam encontrar uma cura para a doença de Maria, mas todos falham, dizendo que é incurável. Os meses passam, Oliver já tem 12 anos, e para manter sua mãe bem, ele trabalha arduamente nas colheitas. Até que, numa noite nublada, ao chegar da colheita, Oliver vê sua mãe sentada na cama.
— Mãe, como a senhora conseguiu se levantar?
— Oliver, venha aqui.
— Mas, mãe, deite-se. Sua saúde vai piorar se continuar em pé.
— Venha logo, Oliver!
— Exclama, usando toda a sua força.Oliver, percebendo a importância da situação, senta-se na cama de sua mãe, que se senta ao seu lado.
— Filho, você precisa sair desta vila.
— Mas por quê, mãe? Sei que a vida aqui não é das melhores, mas…
— Oliver, me escute! Você precisa sair logo daqui, esta vila pode ter nos ajudado por muito tempo, mas eu não sei quanto tempo tenho de vida.
— Mãe, eu não vou te abandonar!
— Oliver, você já tem 12 anos. Quando você chegar ao nível 5, finalmente saberá sua classe, provavelmente será uma classe voltada para a administração.
— Mas o que isso tem a ver com eu deixar você sozinha nesta vila?
— Filho, você tem todo um futuro pela frente. Você já desperdiçou toda a sua infância cuidando de mim.
— Pois saiba, eu não acho que foi desperdício, mas tudo bem, NÓS vamos para a cidade, entendeu?
— Filho, não faça isso. Eu já sou velha e fraca.
— Isso não é algo discutível! Em uma semana, irei arrumar nossas coisas e vamos para a cidade.
O destino de Oliver estava traçado, mas ele precisava resolver algumas coisas antes de partir. No dia seguinte, ele vai à casa do chefe da vila para anunciar sua partida. Ao chegar lá, o chefe da vila estava na frente de casa cuidando de sua horta pessoal.
— Oi, chefe, tem um minuto?
— Bom dia, Oliver, como vai? E sua mãe, está melhor?
— Tenho trabalhado muito, e minha mãe está na mesma.
— Oh, nenhum curandeiro deu certo?
— Pergunta, triste por Oliver.
— Infelizmente não. — Exclama, cabisbaixo.
— Bom, imagino que não veio aqui apenas para bater papo, precisa de algo?
— Na verdade, estou planejando me mudar para a cidade!
— O quêêêê?! — Exclamou, quase gritando de surpresa.
Logo depois, alguns passos pequenos são escutados vindo da casa do chefe. Em seguida, a porta se abre, uma garotinha de cabelos ruivos, com cerca de 10 ou 11 anos, aparece.
— Papai, o senhor está bem?
— Oh, desculpe te assustar, Diana. Recebi uma notícia que me surpreendeu, só isso. — E o que foi?
— Depois o papai te conta, filha. Vá para casa, que preciso conversar com este garoto.
— Foi você quem assustou o papai, não foi? Seu feioso!
— Olha a boca, Diana. Vá para casa, filha. A garotinha então se retira do local.
— Desculpe minha filha, ela sempre foi muito apegada a mim.
Então, quando ela se preocupa, acaba falando o que não devia. Mas me diga, garoto, por que essa decisão?
— Minha mãe disse que eu deveria tentar ganhar a vida na cidade, mas como ela está muito debilitada, eu vou levá-la comigo, na esperança de encontrar um curandeiro de alto nível lá.
— Faz total sentido. Bom, você tem a minha benção para sair. Se precisar de alguma ajuda, é só me avisar, e não se esqueça de que você sempre terá seu espaço aqui.
— Obrigado, chefe. Ainda ficarei por aqui por mais uma ou duas semanas.
— Então até mais tarde, Oliver.
— Até, chefe.Os dias passam, Oliver começa a arrumar as coisas. Ele tem dinheiro suficiente e contratou uma carroça para levar sua mãe e ele em segurança, pelo menos era isso que ele planejava.No dia anterior à sua mudança, Oliver estava dormindo quando começou a ouvir alguns sons. Devido ao cansaço, ele os ignorou a princípio. No entanto, o cheiro de queimado o despertou, e ele percebeu que os sons que estava ouvindo eram os gritos das pessoas da vila.
— Merda, deve ter acontecido um incêndio na vila.
Oliver pegou uma pá e saiu de casa, pronto para ajudar a apagar o incêndio. Lá fora, viu a maioria dos aldeões correndo para fora da vila. Sem entender o motivo, ele se aproximou de uma mulher que corria.
— Senhora, o que está acontecendo? O incêndio é grande?
— Corra, garoto, vamos morrer! — Exclamou ela, desesperada.
— Mas por quê?
— Olhe para trás!
Oliver se virou e viu a razão do medo das pessoas: um cavaleiro negro montado em uma cavala esquelética, acompanhado por um exército de esqueletos, estava atacando a vila. O exército do Rei Demônio reapareceu na vida de Oliver.
Oliver então retorna para casa e decide apenas pegar sua mãe e ir embora.
— Mãe, vamos! Rápido!
— Calma, filho. O que está acontecendo?
— O exército do Rei dos Demônios está atacando a vila!
— Oliver, vá embora. Estou morrendo já; morrer agora ou depois não muda nada para mim. Mas você precisa continuar vivo, meu filho.
— Não, eu não vou te deixar aqui!
— Teimoso como seu pai!
Durante a discussão, os dois ouvem um estrondo vindo da porta da casa.
— Vamos, mãe, logo eles vão arrombar a porta.
Maria então, com muito esforço, se levanta, olha para seu filho e diz:
— Desculpe, filho, mas seu pai me deixou a missão de cuidar de você! Nunca contamos, mas antes de nos tornarmos senhores feudais, fomos aventureiros.
— Você e papai? — Questiona, surpreso com a descoberta.
— Eu era uma grande maga, então deixa essa com a mamãe cuidar disso! Bola de Fogo.
Mesmo muito doente, Maria lança um feitiço que quebra a parede, criando uma porta dos fundos para seu filho.
— Agora vá, Oliver!
— Mas, mãe!
— Não quero repetir, Oliver.
— Está bem, mãe.
Novamente, os dois ouvem um estrondo na porta e na parede da casa.
— Vai, Oliver. Não se esqueça que eu te amo, meu filho! — Exclama, chorando ao ver seu filho pela última vez.
— Obrigado, mãe. Vou deixar você e papai orgulhosos.
Oliver sai correndo da casa, com lágrimas nos olhos. Ele sabia que tinha que sobreviver. Enquanto corre, ouve mais uma explosão. Sua antiga casa estava em chamas. Ele sabia o que aconteceu: sua mãe fez algo para levar o máximo de esqueletos possível, dando tempo para ele.
— Adeus, mamãe.
Oliver corre, olhando ao redor, vendo várias casas pegando fogo, pessoas caídas sem vida no chão. A vila inteira estava destruída. A essa altura, o garoto não acreditava que havia mais pessoas na vila além dele; ou fugiram ou estavam mortas. Até que ouve de longe um grito de desespero, fazendo-o mudar sua trajetória. Agora, Oliver corre em direção ao grito e logo encontra sua fonte. A filha do chefe estava chorando diante do corpo sem vida de seu pai. Ele resolve resgatar a menina.
— Ei, você! Venha comigo. Se ficar aqui, vai morrer.
— Eu não ligo. Meu pai está vivo, e eu vou tirá-lo daqui! — Exclama, arrastando o corpo sem vida de seu pai.
— Seu pai já morreu. Vamos.
— Meu pai é o mais forte. Ele nunca vai morrer. — Exclama, debulhada em lágrimas.
Oliver começa a ouvir passos; o exército de esqueletos estava próximo de alcançar aquele lugar.
— Vamos! — Grita, segurando a menina.
— Não!
Oliver começa a arrastar a garota na tentativa de salvá-la, mas alguns esqueletos logo chegam e, ao verem as duas crianças, avançam para matá-las. O garoto não era um guerreiro, muito menos um mago. Naquela situação, nada podia ser feito. Mas ele ainda queria ao menos salvar a garota, então se joga em cima dela para protegê-la.
— O que você está fazendo?
— Fica quieta! Talvez você possa sair viva.
Dois esqueletos chegam perto e puxam suas espadas para finalizar o jovem.
— Droga, desculpa, mãe e pai. Não vou conseguir seguir o legado da nossa família.
Quando Oliver estava prestes a ser atingido, ouve o som de espadas se chocando. Ele se levanta e vê a imponente figura de uma cavaleira.
— Garoto, você está bem?
— S-sim! — Responde, enquanto seus olhos brilham de admiração pela cavaleira que acabara de salvá-lo.
— Ufa, ainda bem que cheguei a tempo. Se eu tivesse chegado mais tarde e houvesse mais mortes por causa disso, o chefe iria me matar.
Os esqueletos, sem muita enrolação, voltam a atacar. A cavaleira se defende e, com um golpe simples, derrota um dos esqueletos.
— Esses monstros nem esperaram eu terminar de falar.
O outro monstro tenta atacar, mas novamente a cavaleira desfere um golpe simples que derrota o esqueleto num piscar de olhos.
— Pronto, já acabei com eles. Agora vocês dois saiam daqui. Logo chegarão mais deles, e lutar para proteger aqui é um saco.
— Muito obrigado pela ajuda.
Oliver pega a filha do chefe e começa a correr. Antes que se afastasse demais, a cavaleira se vira e diz:
— Ei, moleque. Eu vi como você tentou proteger a vida dessa garotinha. Continue com essa coragem, que você chegará longe.
Oliver continua a correr, lacrimejando por tudo o que aconteceu, mas com um sorriso no rosto de quem vai viver mais um dia
Após de alguns dias…
Oliver e Diana, depois de escaparem da vila, andam em direção aonde o garoto imagina que ficava a cidade. Os dois caminham por exatos dois dias, até o momento em que Diana desaba de cansaço no chão.
— Vamos descansar, por favor.
— Ok, estamos andando há dois dias, acho que merecemos.
Oliver percebe que a menina estava meio triste, então ele resolve se aproximar para tentar acalmá-la.
— Diana, é esse o seu nome, né? Mesmo andando por dois dias juntos, mal tivemos tempo para conversar.
— Realmente. — Respondeu, demonstrando tristeza em seu olhar.
— Ainda está de luto pelo seu pai, né?
— Não, eu estou bem.
— Eu também perdi minha mãe, na verdade, ela salvou minha vida! Sei como é perder alguém.
— Não! Você não sabe como estou me sentindo, você chegou na situação muito depois!
— Diana, o que aconteceu?
— Nossa casa foi atingida por uma das bolas de fogo quando o exército dos rei dos demônios apareceu. Com a casa pegando fogo e prestes a desmoronar, meu pai me pegou e me levou para fora de casa. Só que lembrei que não tínhamos pegado o colar da minha falecida mamãe. Então, sem pensar, eu corri para casa, que já estava em volta de chamas. Quando eu achei o colar, a casa começou a desmoronar, eu pensei que era meu fim, mas meu pai apareceu e me jogou com tudo para fora de casa. Ele tentou sair, mas a casa caiu em cima dele!
— Desculpa, eu não sabia…
— No final de tudo, perto de morrer, ele ainda falou para viver uma vida feliz! Sendo que ele morreu por minha causa.
— Diana, não foi culpa sua.
— Foi sim! Não tente tirar essa culpa de mim, eu vi ele morrer na minha frente sem poder fazer nada.
Nesse ponto, a jovem garota já estava em prantos, palavras já não adiantavam mais. Oliver já sabia o que era perder alguém importante, sem conseguir fazer nada. Então, por puro instinto, ele abraça a garota, que chora até adormecer em seus braços.
— Nada disso foi culpa sua, Diana… É tudo culpa dos demônios! — Exclama, com ódio em seu rosto.
Os dois adormecem, e no dia seguinte, um pouco mais descansados, eles seguem viagem. A viagem para a capital não era algo árduo; por ser uma rota comercial, muitas carruagens mercantis passavam. Mas, por estarem sujos e machucados, nenhuma alma generosa apareceu para dar uma carona.
Dias depois…
Longos 10 dias haviam se passado, e Oliver e Diana haviam finalmente chegado na cidade. Logo de cara, eles se impressionaram com o tamanho daquele lugar, mas depois da boa impressão, perceberam que aquele lugar não seria tão fácil quanto imaginavam. Logo na entrada, um guarda barra eles.
— Autorização.
— Senhor, nossa vila foi atacada pelo exército do rei dos demônios.
— Autorização.
— Não temos essa autorização.
— Então, se retirem do portão de entrada.
— Mas, senhor, estamos caminhando há 12 dias, precisamos de refúgio.
— Aqui é a capital imperial, não aceitamos qualquer um só porque a pobre vila foi atacada. Então, repito, se retirem da vila.
Irritada com a situação, Diana se põe na frente para lidar com a situação.
— Guarda, você não está entendendo nossa situação, precisamos.
Antes mesmo de Diana terminar sua frase, o guarda desfere um tapa em sua cara, que chega a derrubá-la.
Oliver ajuda Diana a se levantar e a leva para longe do portão. A menina, que estava lacrimejando, vê o garoto rasgar um pouco da gola de sua camisa, molhar o pedaço de tecido e colocar no rosto dela.
— Não ajuda muito, mas
— Vamos procurar um jeito de conseguir essa permissão.
Os dois procuraram em volta do reino por algum lugar onde pudessem dormir. Mas falharam miseravelmente, assim chegando o anoitecer. Os dois então encontram uma pequena árvore e adormecem por lá mesmo.
Já de manhã…
Uma jovem garota estava passando por aquele local e vê duas crianças sozinhas; ela vai até eles. Oliver começa a escutar passos e, ao acordar, ele se depara com uma jovem garota olhando para ele.
— O que é isso!
— Oh, desculpa te acordar assim, rapaz.
— Quem é você e o que está fazendo aqui?
— Sou apenas uma moradora daqui?
— Da cidade imperial?
— Não, não, moro em uma casinha aqui perto.
Com o barulho da conversa, Diana aos poucos começa a acordar.
— Ai, que barulheira é essa?
— Fique perto de mim, Diana, ela pode ser perigosa!
— Quem é essa?
— Oh, não me apresentei, né? Sou Ruby, sou filha de médico e temos uma clínica aqui perto. Ao ver vocês, fiquei muito curiosa para saber o que aconteceu.
— Somos refugiados da invasão do exército do rei dos demônios. — Respondeu, limpando o olho e ainda bocejando.
— Refugiados? Sério, coitadinhos! Vamos lá para casa, irei pedir para meu pai verificar vocês.
A barriga de Oliver e Diana faz um som como se eles estivessem morrendo de fome.
— Talvez uma comidinha também caia bem.
— O que você acha, Diana?
— Bom, a única coisa que podemos perder é a vida, então acho que ir ao médico é a melhor opção.
— Tá bom, né! Ruby, a gente decidiu ir.
— Ah, ainda bem! Me sigam.
Cerca de 10 minutos de caminhada depois, eles finalmente chegam na clínica.
Ruby então abre a porta e de cara encontra seu pai tomando chá enquanto lê um livro.
— Oi, pai, já voltei e trouxe visitas.
— Trouxe as ervas que te pedi?
— É claro!
Oliver e Diana entram na casa meio constrangidos, mas logo o homem se vira e começa a falar com eles.
— O que aconteceu com vocês, jovens? Vocês parecem estar magros e com essas olheiras gigantes, imagino que não tenham dormido bem nos últimos dias…
— Somos refugiados de uma vila bem no interior, por isso tivemos que vir aqui andando.
— Isso explica tudo.
— Vou colocar a mesa, pai. Vamos comer depois dar uma olhada na saúde deles.
Depois de algum tempo, Ruby coloca uma mesa gigante com diversos tipos de comida. Oliver e Diana, sem comer há dias, pareciam feras famintas. O pai dela, por outro lado, comia bem lentamente.
— Aqui é uma clínica?
— Sim, sou médico há anos, e atendo aqui em casa mesmo.
— Então, o senhor sabe magia de cura, né?
— Na verdade, não. Eu não nasci com o dom da magia.
— Então, como o senhor cura os outros?
— Normalmente, eu tento encontrar a causa da doença e depois faço remédios para que as pessoas se curem.
— Mas por que as pessoas viriam aqui, com tantos sacerdotes que as curam em segundos?
— Qual é o seu nome, minha jovem?
— Diana, por quê?
— Gosto de pessoas curiosas como você, Diana! Os sacerdotes começaram a ter um alto custo durante os anos, então imaginei uma alternativa mais lenta, e de valor menor.
— Entendi, obrigada, doutor.
— De nada.
Eles voltam a comer, até que, do nada, escutam várias batidas na porta seguidas por um grito.
— Doutor, doutor, doutor, socorro!
Ruby vai correndo e abre a porta, vendo uma senhora que parecia ter 40 anos segurando um garotinho de seis anos que estava gemendo de dor. Logo depois, o doutor chega e fala.
— Vamos para o consultório.
O doutor pega o garoto no braço e leva para o consultório. A senhora tenta entrar, mas Ruby a impede e diz.
— Calma, senhora, meu pai é especialista nisso.
— Por favor, salve meu filho! — Exclamou, enquanto desabava chorando no chão.
Diana observava atentamente a situação, enquanto Oliver apenas continuava a comer. Um tempo se passa, e o doutor sai do consultório. A senhora, que já estava mais calma, vai rapidamente falar com o doutor.
— Como está meu filho, doutor?
— Ele estava ardendo em febre, por causa de uma forte gripe, mas agora o quadro dele já está mais estável.
— Ai, doutor, muito obrigada mesmo, o senhor é um anjo na minha vida.
— Não é para tanto! Deixe ele descansar, amanhã a senhora vem buscá-lo.
— Obrigado, doutor, amanhã eu volto.
Diana viu toda a situação e ficou admirada; ele salvou a vida do garoto, sem saber usar magia, sem precisar matar ninguém. Logo depois, os dois terminam de comer e são medicados pelo doutor.
— Bom, vocês dois estão fadigados, a única coisa que posso recomendar é tentar ter noites de sono melhores.
— Bom, obrigado, doutor, pela comida e por verificar a nossa saúde.
— De nada.
— Vamos indo, Diana?
— Oliver, eu preciso conversar com você, eu vi o doutor salvando aquela criança e é isso que eu quero ser, uma pessoa capaz de salvar outras.
— Você quer ficar aqui, então?
— Eu gostaria, mas só se o doutor deixar então.
— Uma aprendiz, não acho que seja uma má ideia.
— Se é isso que você quer, Diana, tem meu total apoio.
— Obrigada, Oliver! Por me salvar e cuidar de mim esses dias.
— De nada, pequena. bom vou indo, doutor.
— Até, rapaizinho.
Oliver vai até a porta, Ruby então aparece para se despedir.
— Já estão indo? Cadê a garota?
— Ela resolveu ficar, para aprender com o seu pai.
— Ah, uma companhia feminina, mas e você está tudo bem com isso?
— Mas é claro, adoro aquela garota, passamos por poucas e boas nessa nossa jornada, e fico feliz por ela encontrar o que quer.
— Se você está tudo com isso, não tenho queixas, boa sorte na sua jornada.
— Obrigado.
Oliver então sai pela porta sem destino escolhido, ele caminha por um breve tempo até que escuta o som de uma voz vindo de longe.
— Oliver! Isso não é um adeus! Vamos nos encontrar de novo — Exclamou, gritando para que seu amigo conseguisse escutar.
— Pode ter certeza disso, Diana, se torne uma grande doutora até lá! — Exclama, fazendo o mesmo gesto que sua amiga.
— Pode contar com isso, vamos nos ver de novo, isso é uma promessa!
Oliver acena, se despedindo assim, continuando sua jornada
— Ok, sem a Diana. Só preciso de uma verificação, como irei encontrá-la?
Oliver caminhava, pensando em uma solução, até que uma carroça passou por ele, e o garoto resolveu fazer o que era mais fácil: perguntar.
— Senhor, senhor, pode me ajudar com uma coisa?
O homem que conduzia a carroça percebeu a presença do garoto e parou sua viagem para respondê-lo.
— O que você precisa garoto?
— Eu gostaria de saber como consigo uma autorização para entrar na cidade imperial.
— Pagando por ela na sede da guilda dos mercadores.
— E quanto custa?
— 900 Nicols.
— Nossa, nem trabalhando na fazenda a vida inteira conseguiria esse valor. Não há outra maneira de entrar?
O homem deu uma boa olhada no garoto, pensou um pouco e disse:
— Peça carona para a carruagem que está atrás da minha. Se você ficar parado aqui cerca de 5 minutos, ela deve aparecer.
— O senhor mesmo não pode me dar uma carona?
— Oh, eu não posso, pois não tenho uma autorização de nível especial, mas posso afirmar que o senhor da carruagem de trás terá.
— Entendi, obrigado senhor.
— De nada.
logo a carruagem se afastou. O homem olhou novamente para o garoto e disse:
— O Daryl vai me dever um favor.
— Falou comigo?
— Não.
A carroça finalmente saiu do alcance do garoto, que começou a esperar a carruagem que poderia ajudá-lo.
Cerca de 8 minutos depois...
Oliver finalmente avistou a carruagem partindo em direção a ele.
— Senhor, senhor, senhor! — Gritou, tentando chamar a atenção do homem.
Diferente do carroceiro, esse parou sua carruagem para responder ao garoto. Dela saiu um homem enorme; com certeza pesava mais de 150 kg, vestido de forma elegante, parecia um homem de poder.
— O que deseja, jovem?
— Um senhor que passou de carroça mais cedo me recomendou pedir carona para você, até a cidade imperial.
— Ah, então aquele patife me deve um favor! -exclamou num tom bem sarcástico - Mas você procurou a pessoa certa, rapaz. Eu darei uma carona até a cidade.
— Muito obrigado, senhor! Nem sei como agradecer.
— Bem, há uma condição para entrar em minha carruagem.
— Qual é? — Perguntou, um pouco preocupado com a condição.
— Eu transporto uma mercadoria muito frágil, então não toque em nada dentro da carruagem!
— Ok, combinado!
— Então, seja bem-vindo à minha carruagem.
O homem acompanhou Oliver até a parte de trás da carroça e a abriu, permitindo que o garoto entrasse. A carruagem estava definitivamente lotada, com várias caixas de todos os tamanhos cobertas por um cobertor. Assim que a viagem começou, o rapaz ficou atento às coisas ao seu redor. Logo, a carruagem parou, e ele conseguiu escutar a conversa do homem com o guarda.
— Bom dia, está tudo dentro dos conformes, guarda?
— Bom dia, senhor Daryl. Sim, tudo conforme o planejado. O senhor está trazendo o mesmo de sempre?
— Sim, algumas coisas a mais e outras a menos, mas sim.
— Tem algo relacionado aquelas coisas que mencionei?
— Na verdade, sim. Encontrei algumas, mas há muitos interessados, então terão que ir para leilão.
— O leilão será hoje à noite?
— Sim.
— Ok, estarei lá para tentar recuperar o dinheiro que venho ganhando.
— Então, pegue sua parte de hoje para ter alguma chance.
— Obrigado, senhor.
A carruagem voltou a se mover, e Oliver, que estava ouvindo a conversa, ficou preocupado com as mercadorias que aquele senhor estava transportando. Quanto mais a carruagem andava, mais a ideia de pular dela passava pela mente dele. O garoto logo criou coragem e decidiu que iria pular. Ele colocou as mãos na entrada da carruagem, prontamente para pular, mas antes que pudesse fazê-lo, foi atingido por algo, sendo arremessado para trás e batendo com tudo nas caixas.
— Que merda foi essa! — Exclamou, meio atordoado.
Ao abrir os olhos, viu uma menina; tinha cerca de 12 ou 13 anos, com cabelos brancos e olhos verdes.
— O que você está fazendo aqui? — Questionou, sussurrando.
— Ah, estou aqui porque peguei uma carona para entrar na cidade.
— Fale baixo! Esta é uma carruagem que transporta escravos. Você é idiota o suficiente para pegar carona com esse tipo de pessoa?
— Eu já havia percebido que era uma carruagem suspeita. Estava prestes a sair antes de você me dar um chute no peito!
— Muitas desculpas. Eu não vim aqui para isso, mas vou te fazer o favor de te salvar.
— O quê? Eu já estava saindo, se você não tivesse me impedido.
— Chega de conversa, vamos logo!
A garota agarrou sua mão, e os dois pularam para fora da carruagem. Ao abrir os olhos, estavam no meio da rua, mas rapidamente foram para um beco para se esconderem.
— Ok, chega de loucura por enquanto.
— Xiiiiooo, fique quieto! Fizemos barulho ao pular da carruagem. Precisamos ficar escondidos até a situação se acalmar.
— Ok.
Os dois ficaram quietos no beco por cerca de 10 minutos, até que a garota achou que estava tudo seguro.
— Acho que podemos falar agora.
— Primeiro, quem é você? O que era realmente aquela carruagem? E por que você invadiu ela?
— Muitas perguntas, mas tudo bem. Sou Alice Crew, uma ladra e também salvadora da sua vida. Aquela carruagem tinha a função de levar novos escravos para o leilão. Eu estava lá porque queria roubar. Imagino que isso ficou meio óbvio.
— E por que você me salvou? Mesmo eu já estando prestes a sair de lá.
— Porque você me lembrou uma antiga história da minha família. Mas agora já te ajudei. Vou indo, tenho muitas coisas para fazer.
Alice começou a ir embora rapidamente, mas Oliver a impediu, colocando-se na frente dela.
— Já que você me ajudou uma vez. — Mesmo não precisando. pensou. — Você pode me ajudar de novo? Não tenho nada comigo, nem água, comida, dinheiro.
— Sem dinheiro? Então foi por isso que você estava na carruagem, entrou ilegalmente na cidade, espertinho. Eu já gostei de você! Então vou te ajudar, principalmente porque aquele mercador vai querer te procurar. Então, vamos fazer um trato: eu te ajudo a sobreviver, e você me ajuda a roubar.
Alice estendeu a mão, na intenção de formalizar um trato.
— Roubar?
— Sim, é como me sustento.
— Não acho que meus falecidos pais iriam gostar disso, porém não tenho muitas escolhas. Tudo bem, trato feito.
Oliver apertou a mão de Alice, formando assim uma parceria.
2 dias depois…
— Você está pronto, Oliver?
— Estou pronto, Alice!
— Então vamos colocar o plano em prática.
Oliver sai do beco onde estava conversando com Alice. O garoto estava vestindo roupas velhas e imundas. Ele então se aproxima de um casal de nobres e diz:
— Senhor, estou com fome!
— Onde estão seus pais, garoto?
— Eles faleceram, senhor. Estou com fome!
— Pobrezinho. Aqui estão alguns trocados para você, querido.
— Muito obrigado. É sempre bom fazer uma boa ação.
Quando o nobre coloca a mão em seus bolsos, percebe que sua carteira desapareceu. Sua esposa se assusta ao notar isso, e os dois começam a procurar na roupa do nobre.
— Desculpe-me, rapaz. Acho que perdi minha carteira.
Mas ao olhar novamente para onde o garoto estava, ele havia desaparecido.
Minutos antes…
— Ok, o plano é o seguinte: peguei emprestadas essas roupas velhas e sujas.
— Alice!
— Tá, eu roubei. Mas isso não importa. Você vai usá-las e então...
— Usar essas roupas velhas e sujas? Não vou.
— Você vai sim, a menos que saiba usar a habilidade de roubar? — Questiona, irritada.
— Tudo bem. o que mais?
— Você me atrapalhou no meio!
— Então continue…
— Você vai até um casal de nobres e vai precisar deixá-los parados por 10 segundos.
— Como vou fazer isso?
— Você terá que inventar algo. Mas precisa ser pelo menos 10 segundos para eu ativar a habilidade e sair fora.
— Entendi, pode deixar comigo.
Depois do roubo…
Os dois correm de volta para onde estavam ficando. O roubo foi um sucesso e logo teriam dinheiro para se alimentar.
Já dentro da "casa"...
— Conseguimos! Esse nobre tinha várias moedas!
— Conseguiremos comer algo hoje?
— Sim! Mas precisamos comprar escondidos. Vamos nessa?
— Vamos!
Os dois saem andando, com Oliver seguindo Alice, pois ela tem muito mais experiência que ele. Por não conhecer nada sobre sua parceira, o garoto decide tentar descobrir algo sobre ela.
— Alice, como você veio parar aqui?
— Ah, é uma longa história.
— estou com tempo e como parceiro, quero saber da sua história!
— Você é muito curioso! Mas tudo bem, já que insiste. Meus pais eram mercadores. Tínhamos uma loja em uma cidade litorânea. Para expandir os negócios, nos mudamos para a capital imperial, e no começo tudo estava indo muito bem. Estávamos prosperando bastante. Mas isso começou a causar inveja nos nobres. Até que uma noite a loja foi atacada, roubaram tudo e atearam fogo nela.
— E seus pais?
— Eles ficaram bem. Decidiram voltar para a terra natal. Eu fiquei.
— Por que você ficou?
— Não importa. Já estamos chegando.
Por alguma razão, sinto que ela mentiu nesta última parte. Pensou o garoto, incapaz de descobrir a verdadeira história de sua amiga.
Uma loja no final do beco era o que Oliver visualizava. Parecia mais com uma loja abandonada do que qualquer outra coisa. Alice então vai até a frente da loja e diz.
— Um ladrão rouba bronze, dois roubam prata, três roubam ouro.
Então uma figura misteriosa abre uma fresta da porta e diz:
— E mais de três?
— Instaura-se o caos.
— Seja bem-vindo.
Então a porta se abre. Lá dentro não era uma loja comum. Havia apenas duas seções: uma com comidas e mantimentos, e outra com itens como espadas, arcos, entre outros. O que parecia ser o dono do local era um homem grande, parrudo e careca, com cara de quem mataria qualquer um.
— Alice Crew, o que veio fazer aqui?
— Vim comprar algumas coisas.
— E quem é esse ao seu lado? Você andando com carne nova não é algo que vejo muito.
— Trate-o como meu assistente.
— Pois bem, esse seu assistente está um pouco famoso.
— Um pouco famoso? Pode me dizer o porquê? — Questiona, tirando uma moeda do bolso e colocando-a no balcão.
— Vi algumas coisas na cidade que me fizeram reconhecer o rosto dele.
— O que você viu? — Pergunta, colocando mais uma moeda no balcão.
— Vi cartazes dele espalhados pela cidade. Até sei quem os colocou, se estiver interessada.
— Não precisa. Foi o mercador de escravos. Oliver, já pegou alguns alimentos?
— Sim.
— Pegue uma adaga para você também. Trader, foi um prazer fazer negócio com você.
Alice joga a carteira nas mãos deles e vai embora.
— É sempre bom fazer negócio com você, Alice.
Em questão de segundos, Alice puxa Oliver e sai correndo da loja. Trader abre a carteira e percebe que ela está vazia. Ele sai correndo da loja e diz:
— Alice, sua desgraçada!
Os dois correm até chegarem em casa. Ao entrar, Alice diz:
— Tenho boas e más notícias. Qual você quer primeiro?
— Boa!
— Temos comida e suprimentos por algum tempo. Agora que você tem uma adaga, consegue matar alguns ratos que vivem conosco para ganhar experiência.
— Ok, agora me fale a má notícia.
— O maldito do mercador de escravos espalhou cartazes oferecendo dinheiro para quem te encontrar pela cidade. Então você terá que ficar na espreita comigo por mais tempo.
— Vamos continuar com essa vida de bandidagem por mais um tempo
Um ano se passou desde que Oliver e Alice realizaram seu primeiro roubo. Desde então, os dois evoluíram bastante em suas técnicas, melhorando consideravelmente suas condições de vida. Agora, ao menos, tinham uma cama para dividir. No entanto, algo que irritava bastante o garoto era a quantidade excessiva de ratos no local. Ele matava pelo menos um por semana, o que lhe rendia um pouco de experiência a cada vez. Até que, em uma noite, começaram a escutar um barulho de pequenos passos próximos a eles.
— Oli, mata esse rato que está andando por aí, por favor.
— Ah, essas criaturas só aparecem à noite para atrapalhar o sono.
O garoto reclamou, levantando-se para lidar com o empecilho. Ele pegou sua adaga e escutou atentamente o som das patinhas se esgueirando pelo lugar. Ele já havia feito isso repetidamente durante o ano, então rapidamente encontrou e lançou um golpe mortal na criatura, matando-a.
*Oliver Vics ganhou 32 de experiência!*
*Oliver Vics subiu de nível!*
*Classe desbloqueada*
— Alice, matei o rato e subi de nível! Finalmente desbloqueei minha classe! — Exclamou, super animado. Nem parecia que ele havia acabado de acordar.
— Ah, é? Qual é a sua classe?
— Como vejo isso?
— É só dizer "abrir status".
— Ok, abrir status.
*Nome: Oliver Vics*
*Idade: 13 anos*
*Classe: Mestre de Guilda*
*Nível: 5*
*Habilidades:*
- *Treinador Acelerado (Dobra o XP dos seus companheiros)*
- *Olho que Tudo Vê (Pode ver o status de outras pessoas)*
— Sou da classe Mestre de Guilda — disse, sem saber o que aquela classe significava.
— Nossa, nunca ouvi falar dessa classe. Pensei que você seria da classe Ladrão, como eu.
— E o que te levou a pensar nisso?
— Dizem que fazer muito uma ação pode te levar a receber a classe que mais se enquadra. Se essa teoria for real, deve ser seu destino ser dela.
— Certo, agora que descobri ela, o que eu faço?
— Bom, agora acho que sua barra deve estar limpa. Então vale a pena ir à guilda dos aventureiros perguntar.
— Tudo bem, mas agora vou dormir. Amanhã você pode me dizer onde fica a guilda.
— Combinado, agora vamos dormir!
*No dia seguinte...*
— Bom, as instruções da Alice me levam até aqui.
Oliver entra no que imagina ser a Guilda. Lá, havia muitas pessoas, várias usando armaduras e roupas de mago. Ele vê um balcão com o que parecia ser uma atendente e se dirige até lá.
— Oh, um garotinho! O que te traz aqui? Prazer, meu nome é Narah.
— Prazer, eu sou Oliver.
— O que o jovem precisa? Quer ser um aventureiro?
— Acabei de subir de nível e recebi uma classe estranha. Poderia me informar o que ela faz?
— Claro, pode falar que eu explico.
— Mestre de Guilda.
— Mestre de Guilda? — Narah questiona, surpresa.
Ela rapidamente se aproxima do garoto e começa a falar em seu ouvido:
— Não fale sua classe em voz alta.
— Por que? — Questiona, confuso.
— Sua classe é bem rara. Se algum aventureiro veterano escutar, ele vai provavelmente tentar te usar.
— Ah, ok.
— Se alguém perguntar, diga que você é um guerreiro ou algo do tipo.
— Certo, mas o que posso fazer sendo dessa classe?
— Se você tivesse idade, eu recomendaria virar um aventureiro, mas imagino que pela sua idade, seja um pouco cedo. O ideal seria você sair em missões o quanto antes para evoluir. Já sei! Vou falar com meu chefe. Espere um minuto.
Narah sobe uma escadaria perto de onde estava. Enquanto Oliver espera, ele vê uma cena lamentável: uma elfa entra na guilda agredindo uma jovem garota.
— Sério, vocês anões são realmente inúteis. Nem como escudo humano você serve.
— Desculpa, minha senhora, eu vou melhorar!
As duas rapidamente passam pelo garoto e vão para um canto da guilda. Logo depois, Narah volta para o balcão.
— Acabei de conversar com meu chefe.
— E o que ele disse? — Pergunta, curioso.
— Não podemos fazer de você um aventureiro, mas podemos fazer de você um ajudante de aventureiro.
— O que um ajudante de aventureiro faz?
— Basicamente, você poderá ir em missões de ranking baixo, mas não irá evoluir.
— Acho que serve.
— Podemos fazer o seu registro então?
— Pode sim.
— Nome completo e idade? A classe eu já sei.
— Oliver Vics, 13 anos!
— Ok, aguarde um tempo e logo farei seu registro.
— Tá bom, ficarei esperando!
*Um tempo depois...*
— Aqui está, Oliver, seu cartão de registro. Normalmente cobramos, mas como você é um caso especial, este é por conta da casa.
— Muito obrigado, Narah, mas estou com uma dúvida.
— Pode dizer.
— Você disse que preciso ir com um aventureiro para missões, certo?
— Certo.
— Como irei arranjar um aventureiro que esteja disponível para um ajudante?
— Isso eu resolvo para você.
Narah então enche os pulmões de ar, e Oliver se afasta. A garota grita:
— Existe algum aventureiro veterano à procura de ajudante?
A elfa se levanta e vai até o garoto.
— Você parece ser fraco. Serve para lotear os monstros pelo menos?
— Eu era um fazendeiro. O trabalho sujo é quase minha especialidade.
— Então seja bem-vindo ao grupo! Daqui a alguns minutos já vamos para uma missão.
A elfa volta para onde estava sentada. Oliver, sem enrolar muito, resolve agradecer e logo vai para onde sua nova companheira estava.
— Obrigado, Narah, pela ajuda!
Oliver começa a andar em direção à elfa, mas a recepcionista segura sua mão e diz:
— Você tem certeza? Essa mulher tem um histórico de explorar os aventureiros novatos.
— Não se preocupe. Se eu ganhar XP já vai ser o suficiente. Entretanto, obrigado pelo aviso!
Narah larga a mão do garoto, que logo sai andando até a elfa.
— Tomara que nada de ruim aconteça.
— Estou pronto!
— Ótimo, a outra está chegando. Fique esperando por aí.
— Ok. Qual é seu nome?
— Olha, já aceitei que façamos uma missão juntos, não quero papo com você.
— Mas precisamos nos comunicar na missão.
— Ai que saco. Me chama de chefe, eu te chamarei de empregado 2. Satisfeito?
Oliver percebe que ela não queria papo, mas ele precisava de detalhes. Resolve então testar uma habilidade, afastando-se um pouco e usando "Olho que Tudo Vê" na elfa. Para sua surpresa, aparecem os status:
*Nome: Liria Riaran*
*Idade: 214 anos*
*Classe: Arqueira*
*Nível: 34*
*Habilidades:*
- *Mira Precisa (aumenta 50% na precisão)*
— Uma arqueira, que interessante. Mas o nível dela não é tão alto.
— Ei, moleque, vamos! A empregada número 1 voltou.
Oliver fecha o status da elfa e vai até onde estava a mesma. Chegando lá, ele conhece a "empregada 1", uma jovem de cabelos avermelhados, estatura pequena e que carregava um pequeno martelo.
— Empregada 1, conheça o empregado 2. Bom, iremos exterminar um apontamento de goblins aqui perto.
— Ok!
— Sim, senhora — responde, com tom baixo e amedrontado.
— Já não falei para você falar alto, garota?
— Desculpa, senhora, vou melhorar.
— Você realmente só me dá trabalho. Vamos logo antes que fique muito tarde.
Os três saem da guilda, rumo à floresta onde ficava o apontamento. Liria não gostava de andar ao lado de quem considerava inferior, então deixou os dois irem na frente.
*Horas antes na casa de Oliver e Alice*
— Alice, eu sei que da minha classe você não entende, mas pode me ajudar com minhas habilidades?
— Posso tentar, diz aí o nome delas.
— Treinador Acelerado e Olho que Tudo Vê.
— Essa habilidade Olho que Tudo Vê é bem rara! Ela mostra os status das outras pessoas. Tenta usar em mim, para ativar é só falar o nome da habilidade.
— Olho que Tudo Vê!
*Nome: Alice Crew*
*Idade: 14 anos*
*Classe: Ladrão*
*Nível: 10*
*Habilidades:*
- *Roubar (Dependendo das condições, pode roubar um item aleatório ou item específico)*
— Realmente apareceu!
— Agora, esse Treinador Acelerado, nunca vi. Geralmente, as habilidades vêm com uma descrição. Consegue falar dessa habilidade?
— Dobra o XP dos companheiros.
— Espera, existe uma habilidade assim?
— Por que, é uma habilidade muito ruim?
— Ao contrário, é uma habilidade lendária!.
*De volta ao presente*
— como funcionam as coisas? Percebi que não formamos um grupo, e até onde sei precisamos formar um para compartilhar o XP. -pergunta Oliver para a primeira empregada.
— Ah, a chefe não faz grupo. Ela disse que compartilhar XP com novato é desperdício.
— E como a gente ganha XP indo em uma missão com ela?
— Quando fazemos a pilhagem nos monstros, ganhamos um pouco.
— Ah, então vamos formar um grupo apenas eu e você. Tenho uma habilidade que vai nos ajudar.
— Ok.
— Qual seu nome?
— Rina e o seu?
— Prazer, Oliver.
— Prazer
Os três andam por um tempo até chegar a uma espécie de fortaleza de goblins, com cerca de 15 das criaturas no local.
— Quinze, não? Bom, vamos fazer o simples. Empregada número 1, faça sua função.
— Tá bom. — Exclamou, sem muita vontade.
— Chefe, qual é a função dela?
— Já disse para não falar comigo, apenas observe e aprenda.
Rina, que estava com uma armadura de couro, uma espada e um escudo, se desloca para frente do forte.
— Atrair.
Ela começa a bater em seu escudo com a espada, enquanto usa uma habilidade que atrai os goblins. Em questão de segundos, todos os monstros começam a ir para cima da garota. Ao ver isso, Oliver entra em desespero.
— Todos os monstros estão indo para cima dela! Ela não vai conseguir se defender!
— Como eu disse, fique em silêncio.
A elfa rapidamente puxa seu arco e começa a disparar. Um por um, ela vai derrubando todos os goblins, mas mesmo assim alguns conseguem atacar Rina, que, para surpresa de Oliver, se defende muito facilmente. Quando restam apenas alguns goblins, a arqueira olha para o garoto, que está parado sem fazer nada.
— O que você ainda está fazendo aí? Comece logo a pilhagem!
Oliver entra no campo e começa a pilhar os corpos. A elfa termina de matar os outros goblins rapidamente. Rina se junta a Oliver na pilhagem. Havia uma cabana no centro da vila, que parecia ser algo importante para os monstros.
— Depois de terminarmos aqui, precisamos fazer mais algo?
— Na verdade, não. Apenas temos que reportar o que aconteceu para a guilda.
— Compreendo.
Depois de um tempo, Oliver decide verificar o status de Rina.
*Nome: Rina Lor*
*Idade: 15 anos*
*Classe: Escudeira*
*Nível: 16*
*Habilidades:*
- *Atrair (Ao bater em seu escudo, atrai a atenção de todos os monstros à sua volta)*
- *Muralha de Ferro (Aumenta sua defesa em 70% por 10 segundos)*
Enquanto Oliver olha o status de sua companheira, a elfa caminha em direção à cabana central. Rina percebe que está ganhando bem mais XP que o normal e resolve perguntar a Oliver o motivo.
— Oliver, estou ganhando bem mais experiência que o normal. Isso é graças àquela habilidade que você mencionou?
— Então, é que minha habilidade...
No momento em que Oliver iria contar o segredo por trás do aumento de XP, a cabana é destruída em pedaços. Liria, que havia ido verificar o local, é arremessada para longe! Caída, ela olha para sua empregada e diz:
— Merda, empregada 1, venha me proteger!
Ao olhar novamente para a cabana destruída, os dois observam que uma criatura era responsável por tudo aquilo. Um Hobgoblin estava pronto para matar qualquer um à sua frente. O monstro vê os dois e logo avança.
— Oliver, recua! Vá ajudar a chefe.
— Ok.
O monstro, com cerca de 2 metros e meio de altura, carrega uma clava de madeira gigante e começa a desferir golpes na garota. Rina era muito resistente e consegue, com dificuldade, aguentar os golpes da criatura. Oliver corre até a elfa e diz:
— Chefa, levanta! Precisamos ajudar a Rina! — Exclama, desesperado.
— Ajudar ela? Pode considerá-la um cadáver ambulante. Um Hobgoblin é muito forte para eu enfrentar.
— Então, o que iremos fazer?
— Eu não sei você, mas eu vou fugir.
— Você realmente vai abandoná-la? — Exclama, sem conseguir reagir bem ao que estava acontecendo.
— Exatamente, pelo menos ela terá uma função digna na vida.
A elfa, mesmo machucada, sai correndo do local. Oliver fica perplexo com aquilo. Ao voltar seu olhar para Rina, vê a garota sendo arremessada para longe pelo Hobgoblin, mesmo defendendo o golpe. A criatura começa a correr em direção a Oliver, que fica paralisado de medo. Quando o monstro chega perto e aplica o golpe mortal, Oliver apenas consegue olhar. Entretanto, Rina ainda não havia sido derrotada e volta para a batalha, defendendo o golpe do monstro.
— Onde a chefa foi?
— Ela disse que não teria chance contra esse monstro e foi embora.
— Merda, sabia que esse dia chegaria! Oliver, dá o fora daqui, eu seguro esse monstro. Salve sua vida.
Encorajado por Rina, Oliver consegue se mexer novamente e corre para longe. O monstro volta e aplica um poderoso golpe, que arremessa Rina para longe. Sem tempo para se levantar, a criatura aplica outro golpe. Rina mal consegue se defender e toma um grande dano, que a deixa deitada no chão.
— Bom, pelo menos salvei duas pessoas. Inútil eu não fui.
O monstro se prepara para dar o golpe final, mas é interrompido ao sentir uma pedra acertar seu rosto. Ele olha e vê que Oliver havia voltado com uma série de pedras, que arremessa incessantemente no Hobgoblin. A criatura, ao ver isso, muda seu alvo para o garoto e começa a andar em sua direção. Rina, ao ver aquilo, grita para Oliver:
— Eu falei para você ir embora!
— Eu não vou deixar você morrer sem fazer nada! Vamos sair dessa juntos, Rina! — Grita, enquanto continua a jogar pedras no monstro.
— Ele voltou... por mim? Sério? Ele planeja me salvar com uma série de pedras! Que garoto tonto.
Com suas últimas forças, Rina se levanta, bate no escudo com a espada e usa sua habilidade Atrair, fazendo com que o Hobgoblin mude novamente seu alvo. O monstro avança até a garota e tenta acertá-la, mas antes ela usa sua outra habilidade.
— Muralha de Ferro!
Rina defende facilmente o golpe. Antes que o Hobgoblin pudesse aplicar mais um golpe, ela sobe na clava e corre pelo braço dele. O monstro começa a balançar seu braço, arremessando-a para cima.
— Facilitou minha vida! Meu ataque é bem baixo, mas se acertar nesse ponto, pode ter certeza que vai funcionar!
Rina joga sua espada, que acerta em cheio o olho do Hobgoblin. A criatura grita de dor e Rina cai no chão, mas logo se levanta e corre. O Hobgoblin, cego de um olho, tenta acertar um golpe fatal na garota.
— Meu escudo está prestes a quebrar, mas tenho certeza que sua clava de merda também! Tenho 3 segundos da minha habilidade!
Rina, que estava correndo, se vira e com seu escudo bloqueia o golpe, resultando na quebra de seu escudo e da clava do monstro. A garota então dispara. Oliver aproveita a brecha e foge junto. Com o olho ferido e sem arma, o Hobgoblin desiste da perseguição, mas marca muito bem o rosto deles na memória.
Oliver havia sobrevivido a sua primeira missão.
Os dois, depois de conseguirem escapar do HobGoblin, se reencontram. Oliver, sem saber o que fazer, questiona Rina.
— E agora, o que fazemos, Rina?
— Normalmente, quando a missão é concluída, precisamos reportar à guilda.
— E quando ela não é concluída?
— Nesse caso, realmente não sei. Entretanto, provavelmente voltar à guilda e reportar o que aconteceu deve ser nossa melhor opção!
— Realmente, vamos nessa. O caminho até a guilda é um pouco longe.
Os dois, mesmo exaustos, caminham até a guilda. No caso de Rina, além de cansada, ela estava ferida. Então, com certa dificuldade, eles conseguem entrar no local e, ao entrar, dão de cara com Liria, que estava saindo da guilda.
— Olha só quem vejo aqui. Não imaginei que viriam. Como os dois inúteis sobreviveram?
Sem forças para falar, os dois apenas se mantêm calados.
— Sem resposta, né? Muito bem! Então espero vocês dois amanhã aqui na guilda, no mesmo horário.
Liria sai andando, gargalhando. Ver os dois naquela situação não a comovia; aquilo, para ela, era apenas engraçado.
— Vamos, Rina...
Os dois entram na guilda. Ao vê-los, a atendente se desespera e corre até eles.
— O que aconteceu com vocês? Liria acabou de reportar que vocês dois morreram na batalha contra o HobGoblin.
Rina, que mal se mantinha em pé, desaba no chão.
— Meu Deus! Chamem um sacerdote, um curandeiro ou qualquer um que saiba usar magia de cura.
Duas pessoas se levantam da mesa e vão até onde os três estavam e dizem:
— Ela estava ferida? Deixem ela conosco e iremos levá-la para o médico mais próximo.
— Muito obrigado, gente.
Então, Rina é levada para o médico para tratar sua ferida. Oliver, por outro lado, só estava exausto. Ele fica na guilda para explicar o ocorrido. Ele e a atendente se sentam.
— Oliver, Liria me contou uma parte. Confirma se é verdade isso.
— Ok.
— Vocês estavam fazendo a missão normalmente, conseguiram limpar a área, mas ao explorar a cabana central o HobGoblin apareceu, causando o caos.
— Até aí, tudo realmente aconteceu.
— Nisso, ela completou, dizendo que ela protegeu vocês com todas as forças, mas mesmo assim vocês haviam morrido pelas mãos do HobGoblin.
— Bom, vou contar o que aconteceu.
Oliver então explica detalhadamente o que tinha acontecido. A atendente se mostra horrorizada ao saber das ações de Liria.
— Como ela pode fazer isso? Ela sabe que ajudantes de aventureiros são membros especiais, que devem tomar muito cuidado com vocês.
— A Rina também é uma ajudante.
— Sim, ela se tornou recentemente. Acho que essa é a sexta missão dela. Mas agora não se preocupe, irei falar com meu chefe para resolver isso. Por enquanto, vá para sua casa e descanse.
— Tá bom! Amanhã eu volto aqui.
Oliver um pouco mais descansado volta para sua casa. Ao chegar, encontra sua companheira Alice sentada na cama, contando quantas carteiras ela havia roubado.
— Olha quem chegou! Vem ver aqui, Oliver. Peguei tudo isso só hoje.
— Quantas você roubou hoje?
— Acho que foram cinco!
— Você está ficando profissional nisso.
— Eu sempre fui! Mas me diga, aventureiro, quais são as novidades?
— Muita coisa aconteceu, mas eu consegui ser um aventureiro em treinamento basicamente. Conheci uma menina bem forte chamada Rina e também uma elfa chamada Liria, que abandonou a gente enquanto estávamos lutando contra um HobGoblin.
— Calma, muita informação de uma vez. Me explica com mais calma.
— Tá bom.
Oliver então explica da mesma forma que explicou para a atendente da guilda.
— Então, no primeiro dia como aventureiro, você foi traído e quase morreu?
— Mais ou menos isso.
— Essa menina, Rina, o nome dela, né?
— Sim.
— Onde ela está agora?
— Ela foi levada ao hospital para curar seus ferimentos.
— Que pena. Como ela foi traída junto com você, pensei que seríamos boas amigas. Talvez eu pudesse levá-la para o mundo do crime!
— Eu não estou tão machucado, mas mesmo assim, estou bem exausto.
— Imagino pela sua aventura. Descansa aí. Por sobreviver ao seu primeiro dia, imagino que você mereça!
— Então tá bom. Boa noite, Alice!
— Boa noite, Oliver.
O garoto então dorme, e no dia seguinte acorda bem disposto. Como Oliver havia roubado por um ano inteiro junto com Alice, os dois combinaram que, caso o menino trouxesse dinheiro para casa, ele não precisaria mais roubar. Com sua companheira ainda dormindo, ele sai rumo à guilda. Ao chegar lá, dá de cara com a atendente da guilda, que se surpreende ao vê-lo com energia tão cedo.
— Oliver? Pensei que não te veria tão cedo. Conseguiu descansar?
— Estou totalmente recuperado.
Uma pessoa se aproxima dos dois e, para o desgosto de Oliver, era alguém conhecido. Liria chega já se impondo.
— Oh, não é que você realmente veio? Cadê aquela inútil da Rina? — Questiona, com ar de deboche em sua fala.
— Ela sofreu muito na nossa luta. Não acho que os machucados dela...
— Uh, ela sempre foi uma inútil mesmo! Já que está só você, vamos logo para mais uma missão.
— Você ainda acha que eu irei para mais uma missão com você?
— Ah?
Liria chega perto e levanta pela gola de sua camisa…
— Quem é você para me desobedecer?, com raiva em seu olhar.
— Você acha que iria para qualquer lugar com alguém que abandona seus companheiros no meio de uma situação de vida ou morte!
Oliver grita, fazendo com que todos os olhos e ouvidos das pessoas que estavam na guilda se voltassem para a situação. A elfa observa a situação e, para não estragar a sua reputação, solta o garoto.
— Seu chilique te salvou dessa vez, muleque.
Liria vai embora da guilda, e a atendente que estava observando tudo suspira de alívio.
— Ainda bem que ela foi embora. Infelizmente, temos que ter esse tipo de aventureiro na nossa guilda. Mas dessa vez encontrei uma solução. Como você veio antes do que imaginei, a pessoa com quem marquei para você fazer grupo ainda não chegou.
— Ah, será que ele ou ela vem ainda hoje?
— Sim, que tal você dar uma volta na cidade enquanto ele não chega?
— Pode ser. Tem alguma recomendação?
— Tem um restaurante aqui perto. Geralmente, ele é sempre lotado, mas às vezes ainda tem um lugar.
— Ok, vou lá.
Oliver sai da guilda e vai para o restaurante mais próximo. Como havia sido informado, ele estava cheio. No entanto, próximo dali havia uma pequena taberna. O garoto vai até lá e, ao entrar, percebe que estava vazio. Ele se senta no balcão, e em segundos, uma pequena garota se aproxima e fala:
— Bom dia! Qual é o seu pedido, senhor?
— Uma garotinha tão nova a chefe deste local?
Então, da cozinha, sai um homem que parecia ter cerca de 2 metros.
— E você não é um pouco jovem para frequentar uma taberna?
— Papai? Eu já tinha tudo sob meu controle.
— Eu sei que tinha, mas volta para a cozinha e fique lá com sua mãe.
— Tá bom, papai.
A garotinha sai em disparada, rumo à cozinha do restaurante, assim fazendo com que só sobrasse Oliver e aquele gigantesco homem.
— Diga, garoto, o que veio fazer aqui?
— Eu estava procurando algum lugar para comer e resolvi vir aqui.
— Por que não foi no restaurante próximo daqui?
— Lugares cheios não são os meus locais favoritos.
— E o que você está fazendo por essas bandas? Está perdido?
— Nada demais.
— Imagino que você deve ter um motivo, mas deixa de papo. O que você quer comer?
— Alguma recomendação?
— Meu ensopado de carne nunca teve reclamações.
— Nem elogios! — Diz a filha do homem, que estava escutando a conversa pela porta da cozinha.
— Essa menina!
— Pode ser ensopado de carne! — Exclamam, dando uma risada de canto de boca.
— Ok, espera aqui. Logo volto.
Oliver espera por um tempo, até que ele escuta o som da porta da taberna se abrindo, e logo um garoto entra no estabelecimento dizendo:
— Pai, cheguei! Oh, tem um cliente aqui.
— Ah, oi.
— Você já foi atendido, rapaz?
— Já!
— Foi por um homem bem grande?
— Foi sim.
— E o que você pediu?
— Há um ensopado de carne.
— Nossa, que coragem.
— Coragem? — Questiona, sem entender por que aquele garoto estava falando nisso.
— Dizem que esse prato já matou um homem!
Novamente da cozinha, o homem de metros sai e dizendo:
— Cala a boca, filho imprestável!
— Eu só estava querendo salvar a vida desse garoto.
— Fica quieto, moleque.
O homem então coloca o prato com o ensopado. Oliver via aquela comida que não parecia estar tão ruim. Ele então pega a colher e come um pouco do ensopado. Ao comer, o corpo do garoto se arrepia inteiro.— Ruim, né?
Oliver sentia um gosto estranho na sua boca, mas nesse 1 ano que ele passou com Alice, ele já havia comido tantas coisas estranhas que isso não é uma das piores. O garoto então continua a comer.
— Esse garoto é dos meus. Qual é o seu nome, garoto?
— Oliver Vics.
— Vics, nunca vi ninguém na cidade com esse nome. Você é um forasteiro?
— Sim, vim de uma vila bem longe daqui.
— Oh, prazer, eu sou o Thae, esse idiota do meu filho e o Joan e nós somos os Gardinos.
— O que você está fazendo numa cidade dessas, Oliver?
— Vim morar aqui depois que minha vila foi invadida, então me mudei para essa cidade para reconstruir minha vida.
— Bom, essa é a capital do nosso reino, então acho que aqui é onde você tem mais chances mesmo.
— Nós, os Gardinos, temos essa taberna, mas meu filho inútil aqui é um aventureiro.
— Oh, um aventureiro? Eu sou um aprendiz de aventureiro.
— Espera? Você hoje foi designado para se aventurar com alguém?
— Sim, a atendente da guilda me informou que ela me achou alguém para eu ir em aventura.
— Nossa, que mundo pequeno!
— Por que você diz isso?
— Por que quem foi designado para te ajudar fui eu!
— Sério?
— Sim, bom como já nos conhecemos, terminamos de comer e vamos lá para a guilda.
— Tá bom!
Depois de um tempo, Oliver termina de comer, assim estando pronto para partir, ele se levanta.
— Estou pronto!
— Então vamos! — Diz Joan, levantando-se e pegando suas coisas.
— Tchau, filho. Cuide desse garoto!
— Eu irei, até mesmo tarde, pai.
Os dois então saem andando. Como eles mal se conheciam, o silêncio se mantinha, até que Oliver resolve ver os status de Juan, assim usando sua habilidade Olho que Tudo Vê.
Nome: Juan Gardino
Idade: 18
Classe: Espadachim
Nível: 25
Habilidades: Empunhadura dupla (Permite que o usuário use duas espadas ao mesmo tempo com extrema aptidão)
— Ele tem 18 anos e já é level 25? Por que Liria, que tinha centenas de anos, não era de nível muito mais forte? — Questionou, mentalmente.
Então, depois de um tempo caminhando, eles chegam na guilda e já encontram a atendente que fica muito surpresa ao ver Oliver e Juan juntos.
— Olha só que surpresa, você encontrou ele antes que pudesse apresentá-lo.
— Acabamos nos encontrando na taberna aqui perto.
— Boa tarde, deixou aquela missão reservada, como eu havia pedido?
— Deixei. Acabar com uma alcateia de lobos na floresta Fumegenta.
— Está pronto, Oliver?
— Estou!
— Então vamos formar um grupo.
— Vamos!
Grupo formado: Oliver Vics e Juan Gardino.
Eles então partem para a floresta. Para sorte deles, a Floresta Fumegenta não era tão longe, mas suas árvores eram grandes e espessas, dando um ar sombrio para o local. Caminhando mais um pouco, eles chegam na frente da caverna.
— Bom, chegamos. Os detalhes da missão diziam que provavelmente haveria só uma alcateia de lobos, mas tenho algo me falando que não é apenas isso.
— Certo. Vamos entrar?
— Vamos, mas antes, pegue essa tocha. Será sua principal arma de defesa contra os lobos. Sempre mire na cabeça e acerte-os com toda sua força.
— Entendido.
— Então, que comece oficialmente nossa missão!
Oliver e Juan entram na caverna. Por fora, ela parecia bem pequena, mas por dentro ela se estendia bastante, tanto em largura quanto em profundidade. Não havia nenhuma iluminação dentro da caverna, então a única coisa que eles conseguiam ver era a luz de suas tochas. Até que Juan percebe uma movimentação à sua frente, e diz:
— Fique atrás de mim. Acho que encontramos os primeiros lobos.
— Tá bom!
Os lobos logo sentem a presença dos dois garotos e os atacam. Juan, como um aventureiro com mais experiência, puxa sua espada e se defende do ataque inicial do lobo. Oliver começa a bater com a tocha para todos os lados e acidentalmente acerta o lobo. Ao ver aquilo, Juan se lembra da conversa com a atendente da guilda.
— Então, você que ajude esse garoto a conseguir experiência em aventuras?
— Exato.
— Mas como ele se tornou um aprendiz de aventureiro? O que ele tem de especial?
— Ah, isso você vai descobrir! — Exclama, dando uma piscadinha.
— Ele deve ser um prodígio no combate. — Pensou, Juan.
Nos tempos atuais…
— Um prodígio no combate já posso confirmar que ele não é! Então, qual será o motivo pelo qual ele é um aprendiz de aventureiro?
Os lobos voltam a atacar, mas Juan decide acabar com os dois de uma vez.
— Ruja Kyoshi!
Juan, então, com extrema facilidade e velocidade, acerta os dois lobos, que são vencidos.
Juan e Oliver receberam 45 de Experiência.
— 45? Normalmente, o lobo dá bem menos que isso.
— E por causa da minha habilidade.
— Espera, você tem uma habilidade que aumenta a experiência?
— Sim.
— Isso é muito impressionante!
Os dois continuam a andar, e Juan logo começa a pensar que ele havia entendido o que Oliver tinha de especial, e criar laços com aquele garoto seria algo que o beneficiaria muito. Ele fica perdido em seus pensamentos até que escuta rosnados vindo de longe.
— Oliver, tá vindo mais uma leva. Fica atrás de mim.
Juan se concentra e escuta o passo de 3 lobos vindo na sua direção. Ele se prepara e, com um corte cruzado, acerta os 3 lobos de uma só vez. Ao olhar um pouco mais adiante, mesmo na escuridão, ele conseguia ver uma porta.
— Isso não é algo que possa ser feito por lobos. Oliver, se prepara, algo mais forte está mudando nos lobos.
— Tudo bem.
Juan, então, abre a porta. Lá é um salão bem grande, cheio de construções humanas e destroços. E diferente do restante da caverna, aquele salão era bem iluminado. E no centro dele havia um Orc e mais 3 lobos ao seu redor.
— Merda, é um Orc! Oliver, se esconde perto dos destroços e se mandar correr, vai embora daqui sem olhar para trás!
O Orc, ao ver os dois garotos, não começa a atacar. Ele apenas aponta para eles, assim fazendo com que os lobos atacassem. Juan se defende do primeiro e consegue contra-atacar, assim já finalizando uma das criaturas. Os dois outros lobos recuam, mas o Orc dá um rugido, fazendo com que eles voltem a atacar. Já escondido, Oliver usa sua habilidade no Orc.
Nome: **** (Orc)
Idade: Indefinido
Classe: Indefinido
Nível: 30
Habilidades: Ordem do Chefe (Comanda todas as criaturas à sua volta)
— Juan, ele tem uma habilidade que faz ele comandar todas as criaturas em sua volta. Acabando com o Orc, os lobos param de atacar.
O Orc escuta a voz do garoto e comanda os lobos a atacarem Oliver. Juan rapidamente corre para defender seu aliado. E novamente, com golpes cruzados, ele acaba com os dois lobos. Mas antes que ele pudesse reagir, o Orc deferiu um soco que acertou Juan com tudo. O garoto voa e acerta a parede do salão.
— Merda, esse monstro é bem forte!
O Orc vai até o garoto, o pega e o contrai contra a parede. Juan grita de dor! Oliver, ao ver seu companheiro em uma situação de vida ou morte, pega sua tocha e corre na direção do Orc. Sem o monstro ver, o jovem aventureiro pressiona a tocha nas costas do Orc, que grita de dor, assim fazendo com que soltasse o Espadachim e começasse a correr atrás de Oliver.
— Merda, Juan, agora é com você!
— Até que você é corajoso, garoto! Esse Orc é forte, mas pode ter certeza que ele não vai conseguir se defender do golpe de mãos poderoso!
O Orc, que continua correndo atrás do Oliver, dá espaço para Juan atacar. O aventureiro, então, usa uma magia.
— Imbuir elemento! Ele então imbuiu fogo em sua espada e corre na direção do orc. Oliver, graças à sua habilidade de fuga, consegue driblar o monstro e passar por baixo dele, correndo em direção a Juan. O Espadachim se prepara, e o garoto então sai da frente de seu companheiro, fazendo com que o orc esteja frente a frente com seu verdadeiro adversário.
— Vamos, Ruja Kyoshi! Corte flamejante!
Juan, usando sua espada, dá um corte lateral, cortando a cabeça do orc. Com isso, a missão é finalizada.
Juan recebeu 500 de experiência.
Oliver recebeu 500 de experiência.
Oliver subiu de nível.
Oliver subiu de nível.
Oliver subiu de nível.
Juan subiu de nível.
Nome: Oliver Vics
Idade: 13 anos
Classe: Mestre de Guilda
Nível: 8
Habilidades:
Treinador acelerado (Dobra o XP dos seus companheiros)
Olho que tudo vê (Pode ver o status de outras pessoas)
Capítulo 8: Foragido e Procurado
— Deu uma canseira, mas olha só a experiência que ganhamos.
— Eu consegui chegar ao nível 8.
— Vamos descansar um pouco, depois vamos para a guilda.
— Ok, acho que é o melhor a se fazer.
Juan e Oliver descansaram por cerca de uma hora. Logo depois, exploraram a área para confirmar que a missão havia sido concluída. Eles levaram os caninos e a pele dos lobos, além de um canino do Orc.
— Deixa que eu levo, Juan. Você deve estar bem cansado!
— Realmente estou, mas isso não é desculpa. Deixa eu te ajudar!
Juan pegou metade dos itens de Oliver e ambos os carregaram enquanto caminhavam até a guilda. No caminho, resolveram conversar:
— Essa foi sua primeira missão?
— Não, minha primeira missão foi ontem, mas não deu muito certo.
— Sério? Pensei que você já tinha ido em algumas. Mesmo não sendo forte, você conseguiu me ajudar.
— Nesses últimos anos, aprendi muito sobre trabalho em equipe com uma amiga.
— Mas me diga, o que deu errado na sua última missão?
— Ah, fui com um aventureiro experiente e outra aprendiz, e as coisas começaram a se complicar.
— Espera, eu ouvi essa história mais cedo. Você foi o ajudante que sobreviveu ao HobGoblin?
— Exatamente.
— Seus feitos ficaram famosos na guilda. Mas por que você aceitou fazer missão com aquela elfa?
— Ela tem uma fama ruim?
— Ruim? Ela tem uma fama horrível! Uma mulher que abusa da boa vontade dos aventureiros novatos e nunca faz missões difíceis.
— Não posso negar que o boato é verdadeiro.
— Eu te admiro por ter aguentado e sobrevivido a uma aventura com ela.
— Sinceramente, não fiz muita coisa. A outra ajudante realmente fez de tudo para sairmos vivos da missão.
— Ah, alguma hora quero conhecê-la. Quem sabe nós três possamos ir em uma aventura juntos?
— É uma boa ideia!
Eles continuaram caminhando até finalmente chegarem à guilda. Ao entrar, a atendente os recepcionou.
— Vocês voltaram! Ainda bem, não se machucaram?
— Eu me machuquei um pouco, mas nada que uma boa noite de sono não resolva.
— Eu estou bem, o Juan me protegeu.
— Então posso considerar que a missão foi um sucesso?
— Sim, trouxemos aqui os caninos dos lobos que matamos, junto com o canino de Orc que estava no local.
— Oh, se houve mudança na missão, é bom reportar. Venha comigo, Juan.
— Esse tipo de coisa é rápida, já retorno, Oliver!
— Tá bom.
Cerca de 10 minutos se passaram... Juan e a atendente retornaram.
— Muito obrigado, Juan!
— De nada, até amanhã! Vamos, Oliver?
— Vamos!
— Tchau, Oliver, até amanhã!
— Tchau, obrigado por hoje.
Após se despedirem, os dois andaram até a casa de Juan, onde Thae estava os esperando.
— Vocês saíram vivos! Deu tudo certo lá hoje?
— Deu, graças a esse carinha aqui.
— Então ele não é pouca coisa, né?
— Com toda certeza, não sou.
— Então tome isso...
Thae deu um pacote bem pesado na mão de Oliver.
— O que é isso, senhor Thae?
— Aventureiros costumam voltar muito cansados das suas aventuras, então separei um pouco de comida.
— Tem certeza que o senhor quer me dar isso?
— Aceite, Oliver. A comida do meu pai não é boa, mas não é sempre que ele dá algo de graça.
— Ah, então vou aceitar.
O dia naquele momento já estava se encerrando, e ao ver o pôr do sol, Oliver decidiu que era hora de ir embora.
— Acho que já está tarde. Obrigado pela ajuda, Thae e Juan.
— Até mais, Oliver. Se precisar de ajuda, me chama.
— Vai com cuidado, garoto.
— Até!
Oliver foi embora. A caminhada para onde ele morava com Alice não era longa, mas mesmo assim foi tempo suficiente para a noite cair. Próximo de casa, o garoto escutou uma voz vindo de longe.
— OLIVER!!!!! CUIDADO!
— Aquela é quem eu estou pensando? — Questionou, arregalando os olhos para tentar enxergar.
— ATRÁS DE VOCÊ!
— É a Alice ali! Ela falou atrás de mim ou entendi errado?
Sem nenhum tempo de reação, o garoto foi brutalmente atacado. Com forte dor na cabeça e com o ouvido zunindo, Oliver percebeu que havia perdido a consciência por um breve momento. Ao abrir os olhos lentamente, ele viu Alice lutando com dois caras, mas a dor era grande, fazendo com que o rapaz perdesse novamente a consciência.
— Oliver, acorda, vamos!
Novamente recobrando a consciência, Alice, com muita pressa, ajudou o garoto a se levantar. Ele então observou que o braço de sua amiga estava machucado.
— Alice, você está bem?
— Estou, mas vamos logo! — exclamou, tentando apressá-lo o máximo possível.
— Mas seu braço...
— Esqueça isso, isso só aconteceu porque não sou uma boa combatente. Mas vamos, temos que nos esconder.
Alice pegou Oliver pela mão e começou a puxá-lo.
— Mas o que aconteceu?
— Eu não sei! Mas ao entardecer, alguns caras invadiram nossa casa procurando por mim e por você.
— Merda, quem viria atrás da gente?
— A gente passou cerca de um ano inteiro roubando várias pessoas. Não sei quem foi, mas pode ter certeza que demos motivo.
— Verdade, algum plano em mente?
— Se esconder. Mas você conhece alguém que possa nos ajudar?
— Conheço dois aventureiros!
— Ótimo, qual é o nome deles? Tenho uma magia ótima para essa situação.
— Juan Gardino e Rina Lor!
— Ok, divine bird that guides the blind.
Uma pomba formada por magia então apareceu. Alice cortou um pedaço de sua roupa e, com magia, escreveu uma carta e a deu para a pomba, que começou a voar até seu objetivo.
— Fireball!
Uma bola de fogo voou até os dois. Alice rapidamente tirou duas adagas que estavam escondidas em sua roupa e se defendeu.
— Vamos logo, Oliver!
Os dois começaram a correr freneticamente. Uma série de bolas de fogo começaram a voar na direção deles. Olhando rapidamente para trás, Oliver percebeu que havia ao menos oito caras perseguindo-os.
— Não olhe para trás, apenas corra!
— Alice, precisamos despistá-los!
— Merda, me segue, Oliver!
Os dois correram até um beco escuro. Seus perseguidores rapidamente chegaram ao beco. Ao chegar lá, algo estranho aconteceu: os dois jovens haviam sumido, e naquele lugar havia apenas uma lixeira e uma tampa de bueiro.
— Será que conseguimos despistá-los? — questionou, ofegante.
— Acho que sim, mas não por muito tempo.
— Existe algum lugar onde podemos nos esconder?
— Na verdade, não sei dizer. Depende de quem está nos caçando. Se for um nobre com muito dinheiro, pode ter certeza que não vai haver lugar seguro nesta cidade.
— Eu tenho alguém que pode nos abrigar, mas apenas fora da cidade.
— Acho que serve. Como estamos no esgoto da cidade, imagino que um desses canos nos leve para fora da cidade.
— Então vamos?
— Vamos.
Os dois começaram a andar pelos esgotos da cidade. Eles pensavam que teriam um tempo sem perseguição, mas logo Alice começou a escutar passos vindo de longe.
— Merda, nenhum assassino ou caçador de recompensas normalmente vai até os esgotos. O cara que está nos caçando deve ter bastante dinheiro.
Os passos começaram a se aproximar cada vez mais.
— Alice, eles estão chegando perto! O que fazemos? — questionou, muito agitado.
— Pelo o que conheço daqui, estamos perto da sessão de tratamento. Vamos para lá.
— Tá bom!
Os dois saíram correndo, mas, para o azar deles, o som dos passos deles correndo sobre a água suja foi identificado pelos perseguidores.
— Eles estão por perto, fiquem atentos!
Os dois correram até chegarem à sessão de tratamento. Aquela era uma área que conectava com outra área através de uma ponte, e debaixo dela havia um abismo.
— Chegamos na sessão de tratamento. Vamos lá, não estamos muito longe da saída do esgoto.
Alice foi na frente, mas antes que ela pudesse atravessar, dois dos perseguidores apareceram do outro lado.
— Merda, como vocês já chegaram aqui?
Oliver escutou passos vindo de onde eles haviam vindo.
— Alice, esses são outros. Os que estavam originalmente nos perseguindo estão chegando por trás.
— Não temos muito o que fazer. Oliver, vou abrir caminho!
— Espera, deixa eu ver os status deles.
Alice, sem escutar seu amigo, puxou suas duas adagas e atacou os dois. Oliver rapidamente usou sua habilidade.
Nome: ********** (Humano)
Idade: Indefinida
Classe: Assassino
Nível: 25
Habilidades:
Apunhalar (Recebe o dobro de chance de acertar uma punhalada em seu oponente)
Nome: ********** (Humano)
Idade: Indefinida
Classe: Assassino
Nível: 22
Habilidades:
Corte Fatal (Recebe o dobro de chance de acertar um golpe mortal em seu oponente)
— Alice!! Recua!!
Alice tentou atacar o primeiro assassino, mas ele, usando uma espada, se defendeu facilmente. Com um chute na barriga da ladra, ele a jogou para perto de Oliver.
— Alice, os níveis deles são maiores que o seu!
— Oliver, aprenda uma coisa: os níveis, no final das contas, são só números! Eu vou abrir o caminho. Corre quando eu mandar.
— Ok!
O segundo assassino usava um par de adagas, assim como Alice. Ele logo tomou a frente e começou seu ataque contra os garotos. A ladra puxou suas armas e uma troca de golpes aconteceu. Os golpes do assassino eram rápidos e precisos, mas a garota, mesmo com o braço machucado, conseguia acompanhar. Oliver, vendo sua amiga lutar pela vida dos dois, não conseguia ficar parado. Ele então elaborou um plano em sua mente.
— Alice! Sai da frente!
Não entendendo quais eram as intenções de Oliver, ela parou a sequência de golpes contra o assassino. Logo em seguida, se afastou. O garoto passou correndo pela ladra, sussurrou algo para Alice e assumiu o campo de batalha.
— FireBall!
Ao escutar o nome de uma magia, o assassino fechou os olhos e se protegeu. Um segundo depois, percebeu que nada tinha acontecido. Ao abrir os olhos, recebeu um grande chute, sendo jogado para fora da ponte.
— Bom plano, Oliver! — exclamou, olhando para trás e dando um sorriso.
Momento do sussurro...
— Faz o de sempre, eu distraio...
Sem muito tempo para pensar, o outro assassino atacou. Alice, que tinha se distraído por um momento, foi pega de surpresa, recebendo um ataque por cima. Ela usou suas duas adagas para se defender. Entretanto, o golpe foi muito forte. Quando as lâminas se tocaram, as adagas da ladra se quebraram, mas o golpe mesmo assim passou direto.
— Minhas adagas, merda!
O assassino encontrou mais uma brecha e, usando sua habilidade, tentou apunhalar a barriga de Alice. Sem ter o que fazer, ela foi gravemente ferida. Alice, sem hesitar, deixou a espada perfurar totalmente sua barriga e segurou seu adversário. Ela se virou e disse:
— Oliver, eu te amo, meu irmãozinho.
— Alice!
A ladra então se jogou da ponte junto com o assassino. Oliver olhou para baixo e viu sua amiga caindo. Ela então gritou:
— Corre!
O garoto, mesmo devastado, atravessou a ponte e saiu correndo. As lágrimas em seu rosto não paravam de cair. Correndo pelos canos do esgoto, ele só conseguia pensar:
— Por que? Por que eu sou tão fraco? Por quê?
Oliver, correndo pelos esgotos, voltou a escutar passos. Mesmo correndo o máximo que conseguia, não era o bastante. Na sua frente, os canos do esgoto se dividiam em dois: um iria para a direita e o outro para a esquerda. O garoto se animou, mas, para seu azar, dois assassinos apareceram em uma das entradas e bloquearam o caminho.
— Merda.
Oliver deu meia-volta, porém os dois perseguidores originais finalmente o alcançaram, encurralando-o.
— O que eu faço?
Sem esperanças de sobrevivência, Oliver observou os assassinos se aproximando. Quando eles iriam finalizar o garoto, escutaram:
— Ruja, Kyoshi!
Em um rápido corte, dois dos assassinos foram vencidos. Guardando sua espada, Oliver viu um conhecido: Juan Gardino estava no campo de batalha.
— Eu sei que falei que qualquer coisa era para me chamar, mas não achava que seria tão rápido!
— Juan! Você está aqui! — exclamou, extremamente feliz por vê-lo.
— É claro! Eu disse que, se você precisasse de mim, eu iria te ajudar. Mas me diga qual é a situação.
— Alguns assassinos e caçadores de recompensas estão me perseguindo, mas não sei o porquê.
— Então só temos que perguntar! Vou capturar um deles.
Os assassinos restantes, sem perder tempo, tentam um ataque rápido, mas Juan estava preparado. Ele puxa sua espada e bloqueia os golpes deles. O espadachim começa o contra-ataque, inicialmente sendo bloqueado por um dos assassinos.
— Você acha que essa espada fraca consegue vencer minha Kyoshi?
Juan volta a atacar, mas desta vez com mais força, quebrando a espada e eliminando o assassino. O outro, ao ver todos os seus aliados caídos, tenta escapar.
— Você acha que vai conseguir fugir? Corte rápido… ruja Kyoshi!
Movendo-se em alta velocidade, Juan corta uma das pernas do assassino, o derrubando.
— Pronto, agora vamos descobrir quem está te perseguindo!
O aventureiro então tira a adaga do assassino e o coloca em seu ombro.
— Vamos sair desse lugar nojento!
— Não é melhor sair da cidade, Juan?
— Não se preocupe, agora você está comigo!
— Ok, então vamos.
— Mais à frente tem um caminho que nos leva de volta para a cidade. Pode não parecer, mas aqui tem missões de exterminar ratos com bastante frequência!
— Juan, percebi que desta vez, antes de você usar seu golpe, você usou uma magia ou algo do tipo?
— Na verdade, o "ruja Kyoshi" é apenas algo que gosto de falar. A verdade é que uso a magia "corte rápido", que aumenta meu ataque e velocidade durante um golpe.
Oliver e Juan partem para a saída. Mesmo agora estando a salvo, Oliver ainda sentia bastante medo e tristeza pelo que havia acontecido com Alice. Para o seu próprio bem, ele decidiu focar na própria sobrevivência por enquanto.
Depois de algum tempo...
— Finalmente saímos desse esgoto. Esse lugar fede demais.
— Concordo.
— Agora vamos levar esse aqui para algum lugar mais reservado! — exclamou, enquanto dava uns tapas nas costas do assassino.
Os dois saíram por um bueiro perto do subúrbio da cidade. Por causa disso, achar uma casa escura não foi uma real dificuldade!
— Como iremos fazer ele abrir a boca?
— Simples.
Juan pega a adaga do assassino que ele havia guardado e a crava na coxa dele. O assassino acorda gritando de dor.
— Já acordou? Então responda as minhas perguntas.
— Você não vai tirar nada de mim!
Juan retira a adaga e estava prestes a acertar novamente o assassino, mas Oliver o interrompe.
— Isso é realmente necessário?
— Não acho que ele vai responder de bom grado! Mas você ainda é uma criança. Se quiser, fique na porta vigiando.
— Tá bom, acho melhor.
Oliver sai e fica esperando na porta. Onde eles estavam era uma rua escura, com algumas casas que não dava para saber se tinham pessoas morando ou se estavam abandonadas. Mesmo fora da casa, ele conseguia escutar os gritos do assassino.
Depois de um tempo...
Juan sai rapidamente da casa dizendo:
— Oliver, você estava certo, temos que ir embora da cidade.
— Calma, o que você descobriu?
— Merda, não dá tempo de explicar!
Uma adaga voa em direção aos dois. Rapidamente, Juan saca sua espada e consegue bloquear o golpe.
— Merda, agora ela já está aqui.
— Quem está aqui? — questiona, sem entender a situação.
Uma mulher então pula de cima de uma das casas. Ela era bem alta, parecia ter no mínimo 1,75m, tinha cabelos longos e loiros, com várias cicatrizes pelo corpo.
— Oliver, não consegui quase nada de informações do assassino, mas descobri duas coisas muito importantes. Um: ele tinha um feitiço de rastreamento nele. Dois: quem está nos perseguindo é a quinta divisão da Guilda dos Assassinos.
A mulher que estava se aproximando lentamente, ao escutar isso, diz:
— Meu subordinado teve a coragem de revelar algo? Como vocês já são cadáveres ambulantes, vou me apresentar. Capitã da quinta divisão da liga dos assassinos, Wine Black. Serei o carrasco de vocês.
— Juan, ela é mais forte que você.
— Provavelmente.
Oliver decide usar sua habilidade, o "Olho que Tudo Vê", para verificar os status daquela mulher.
Nome: Wine Black
Idade: 25 anos
Classe: Assassina de Elite
Nível: 40
Habilidades:
- Corte Silencioso (Usando sua alta velocidade, consegue fazer um corte tão preciso ao ponto de só a vítima conseguir perceber)
*******
*******
— Level 40! Merda, ela é a pessoa mais forte que conheci até hoje.
— Oliver, fique atrás de mim.
— Ok!
Oliver tenta se afastar, mas antes mesmo de fazer qualquer movimento, Wine aparece do seu lado prestes a acertá-lo com uma adaga negra. Juan, com um movimento muito rápido, consegue sacar sua espada e bloquear o golpe.
— Para você matá-lo, terá que passar por cima de mim!
— Uh, Juan Gardino, né? Um aventureiro que não é um novato, mas de longe não é um dos mais experientes.
— Você me conhece?
— A rede de informações da Guilda dos Assassinos é invejável! Mas a questão é por que você está protegendo esse garoto. Sei que os Gardinos se apegam àqueles que consideram amigos, mas não sabia que era tanto.
— Bom, esse moleque é especial, e além disso meu pai gosta dele, o que é raro de acontecer.
— Então acho que seu pai vai a dois enterros!
Wine dá uma investida veloz em Juan, que bloqueia o golpe com grande dificuldade. A assassina logo começa uma série de golpes que, mesmo o espadachim sendo habilidoso, ele leva vários cortes. Sem opções, ele recua.
— Merda, não consigo contra-atacar. Minha única opção é acabar com um único ataque! Então vamos, ruja Kyoshi!
Atacando com tudo que tinha, Juan se vê bloqueado por Wine.
— Você deu nome para um simples corte rápido? Pois deixe-me mostrar como se usa essa magia. Corte Rápido!
Em alta velocidade, Wine faz um corte na perna de Juan.
— Merda! Foi um corte profundo, mas eu ainda consigo lutar.
— Tem certeza? Olhe sua espada.
Ao olhar, Juan se assusta. Sua lâmina estava ficando negra, como se estivesse apodrecendo rapidamente.
— O que você fez com Kyoshi?
— Minha adaga é um tanto quanto especial. O nome dela é Adaga da Amargura. Quanto mais uma lâmina entra em contato com ela, a espada começa a apodrecer até se quebrar.
— Oliver, corra! Não vou conseguir segurar essa luta por muito mais tempo.
Vendo de longe a situação, Oliver começa a pensar:
— Eu não consigo defender ninguém! Eu sou um peso!
Ele então começa a se lembrar do sacrifício dos seus pais, de não ter conseguido defender Diana e do sacrifício de Alice. Então, em um surto de emoções, ele sai de onde estava e grita:
— Wine, deixa o Juan em paz! Sou eu quem você quer!
— Se sacrificando pelo seu amigo, que lindo! Mas essa sua bondade será o motivo da sua morte! Corte Rápido!
Wine avança em alta velocidade para cima de Oliver. O espadachim, com sua perna machucada, não consegue acompanhar.
— Sai daí, Oliver!
Wine mira no pescoço de Oliver e, no momento em que a lâmina iria atingir seu pescoço, o garoto fecha os olhos. Ele fica um tempo esperando a dor, mas percebe que nada havia acontecido, então volta a abrir os olhos. Ele vê Rina segurando seu escudo, bloqueando o golpe.
— Na próxima vez avisa onde você está, né?
Capítulo 10: Relações
— Mais uma se juntou à festa.
— Rina! Você veio no momento certo.
— Preciso ajudar meu companheiro aprendiz de aventureiro!
— Não se distraia, garota!
Wine faz uma finta e passa pela garota, voltando a atacar Oliver, mas ela é parada novamente, dessa vez por Juan, que bloqueia o golpe. Rina logo aparece tentando acertar um golpe, usando seu escudo, fazendo a assassina recuar.
— Você é a garota que ajudou o Oliver na primeira missão dele?
— Sou eu mesma. Quem é você?
— Já disse para vocês não se distraírem!
Wine avança novamente. Rina, sem pensar duas vezes, bloqueia o golpe. Juan logo em seguida ataca a assassina, que não consegue se defender.
— Consegui acertar o ombro dela.
— Se continuarmos assim, dá para vencer! — exclamou, entusiasmada.
— Não conseguiremos manter essa luta por muito tempo!
— Por quê?
— Olha seu escudo.
Rina olha o escudo e vê uma mancha preta. Ao olhar a espada de Juan, percebe que ela também está com a mesma mancha.
— O que é essa mancha?
— É um efeito daquela adaga. Quando nossos equipamentos entram em contato, as armas começam a apodrecer.
Oliver, que já havia se escondido, ficou o tempo inteiro pensando. A batalha não poderia se estender tanto, então ele sai de onde estava escondido e diz:
— Wine, tenho uma proposta para te fazer.
— Uh, o garotinho quer negociar? Normalmente não negocio com a presa, mas como você sobreviveu a todos os assassinos que mandei, vou te escutar.
— Você sabe que essa luta não irá durar muito, então proponho um desafio.
— Uma criança me desafiando?
— Bom, se você e seus assassinos não conseguiram matar uma simples criança, vamos fazer assim: não irei me esconder nem fugir! Mas se eu sobreviver a 5 minutos de ataques, você nos deixa em paz.
— Você tem sorte, moleque, eu adoro um desafio! — exclama, enquanto lambe sua adaga.
— Desculpa deixar tudo na mão de vocês.
— Não é de todo mal, agora temos uma chance de sobreviver!
— Pode ficar tranquilo, Oliver!
A batalha então retorna. Wine volta a atacar ferozmente, e Rina bloqueia os golpes com toda sua força. A sequência de golpes é muito rápida, a ponto de Juan não conseguir revidar.
— Juan, me ajuda!
— Ruja, Kyoshi!
Juan força um ataque usando sua magia corte rápido, e Rina prontamente dá espaço para que seu companheiro possa acertar o ataque.
— De novo esse golpe! Agora você vai entender o que é um corte rápido!
Um confronto de cortes rápidos ocorre: a adaga de Wine contra a espada de Juan! As lâminas rapidamente se chocam.
— Você não é tão ruim quanto eu esperava.
Juan usa toda a sua força naquele golpe, mesmo sabendo que provavelmente não venceria.
— Mas não o bastante!
Wine vence a disputa, cortando superficialmente a costela de Juan.
— Juan, você ainda consegue lutar?
— Consigo sim…
Wine rapidamente se move para finalizar Juan, mas Rina, com seus reflexos aguçados, defende mais um golpe da assassina.
— Você está conseguindo manter esses dois vivos, mas como fará isso sem seu escudo?
Rina olha para o escudo e percebe que ele está perto de apodrecer completamente.
— Merda!
Juan percebe que o escudo de sua parceira não aguentaria por muito tempo e faz um ataque para afastar a garota. Wine, sem dificuldade, se defende e recua.
— Nenhum de vocês irá aguentar mais uma troca de golpes! Tem certeza que vão sacrificar suas vidas para defender esse moleque?
— Rina, seu escudo resiste a mais um golpe?
— Acho que sim.
— Você consegue segurar o corte rápido da Wine?
— Não tenho certeza, mas se eu usar meu trunfo, talvez consiga!
— Ok, vamos apostar tudo nesse ataque! Minha Kyoshi não vai aguentar por muito tempo.
— Perceberam a burrice que estavam fazendo!
— Cala a boca, sua assassina de merda! Vamos com tudo, Kyoshi! Ruja, Kyoshi!
Com toda sua força, Juan usa seu corte rápido novamente.
— Você não aprende? Você não tem chance contra mim!
Wine, em resposta, usa seu corte rápido. Novamente, um confronto de cortes rápidos ocorre, mas para a surpresa da assassina, Rina aparece em sua frente dizendo:
— Muralha de ferro!
Rina usa sua habilidade que aumenta sua defesa. Wine, em alta velocidade, tenta passar por cima da garota sem compaixão, mas para sua surpresa, a garota consegue defender o ataque!
— Oh, você ainda tinha uma arma na manga! Pena que demorou muito para usá-la!
O escudo de Rina fica totalmente preto e, com a adaga fazendo pressão, ele se deteriora. Sem proteção, Wine iria dar um golpe fatal na garota, mas havia esquecido de uma pessoa: Juan aparece e ataca a assassina, que não consegue se defender. Para não sofrer um golpe fatal, Wine dá uma finta e leva apenas um corte superficial no ombro.
— Merda!
Juan, frustrado por não aproveitar a melhor oportunidade que haviam criado, ataca novamente, mas desta vez Wine se defende usando sua adaga, fazendo com que Kyoshi fique totalmente preta. Os dois recuam, sem opções, e começam a ficar em desespero.
— E agora, Juan?
— Sinceramente, não faço a mínima ideia.
— Machucados, sem armas, apenas com uma espada em suas mãos.
— Não há o que fazer. Rina, pegue o Oliver e corra o mais longe possível!
— Sacrificando-se por seus companheiros, que atitude linda!
Wine começa a caminhar lentamente até os dois.
— Não vou te abandonar. Essa luta é nossa, ficarei até o final.
— Tem certeza?
— Tenho!
Wine chega bem perto dos dois e diz:
— Sinceramente, essa luta foi interessante, Oliver!
O garoto então sai de seu esconderijo e diz:
— Diga, Wine.
— Parabéns, de alguma forma você venceu a aposta.
— Essa vitória não é minha, é desses dois.
— Rina e Juan, vocês me entreterão bastante. Como recompensa, darei um bônus: o nome do meu cliente é Daryl, o mercador de escravos.
— Obrigado, Wine.
Wine rapidamente se retira. Rina e Juan, tensos por causa da batalha, desabam de cansaço.
— Finalmente acabou?
— Sim, acabou.
Juan, caído no chão, olha para sua espada e percebe que ela está se deteriorando. Triste, mas orgulhoso, ele diz:
— Essa foi nossa melhor luta. Obrigado, Kyoshi.
Oliver se aproxima dos dois e diz:
— Obrigado, agradeço do fundo do meu coração.
— Ainda não nos agradeça, ainda temos uma coisa para fazer.
Algumas horas depois, na sala do mercador de escravos…
— Cadê a Wine? Ela tinha me dito que iria entregar a cabeça daquele garoto ainda hoje!
— Se acalme, ela vai vir.
Antes que os dois pudessem respirar, a porta da sala onde estavam foi arrombada e um grupo apareceu: Oliver, Juan e Rina. O guarda que estava junto se prepara para atacar os três, mas Juan, com uma nova espada, usa seu corte rápido, derrotando rapidamente o guarda.
— O que vocês três querem aqui?
— Você colocou minha cabeça a prêmio e acha que vai sair ileso?
— Você está me ameaçando?
— Não sei se estou conseguindo enxergar direito, mas você não tem como se defender.
— É isso que você acha? Pois eu controlo mais de mil escravos. Com uma palavra, mando todos te caçarem!
— É mesmo?
Das sombras, uma sexta pessoa aparece atrás do mercador, colocando uma faca em seu pescoço. A pessoa misteriosa diz:
— Se você tem coragem, dê a ordem!
Oliver repara que conhece aquela voz e aquela adaga. Olhando bem, reconhece a pessoa que estava atrás do mercador: Alice de alguma forma havia sobrevivido!
— Calma! Não me mate, vamos negociar!
— Vamos negociar.
— O que você quer?
— Primeiro, quero que tire a recompensa pela cabeça de Oliver.
— Certo!
— Agora, que tal uma quantia em dinheiro?
— Quanto você quer?
— Cerca de 8 milhões de nicols.
— Isso eu não posso aceitar!
— Tem certeza? — questiona, apertando a faca contra o pescoço do mercador.
— Tá bom, mas não aceito mais nenhuma exigência.
— Ok, negócio feito.
O mercador escreve uma carta dizendo que a recompensa está anulada e fala para um de seus serviçais enviá-la para a guilda de assassinos. Logo depois, pega os oito milhões e dá para Alice.
— Foi bom negociar com você. Até a próxima!
— Nunca mais apareça na minha frente.
Alice e seu grupo saem do covil do mercador. Oliver de cara pergunta:
— Alice, como você sobreviveu?
— Isso eu conto depois.
Vocês dois são a Rina e o Juan?
— Sim! — dizem os dois.
— Bom, vocês arriscaram a vida por esse meu ajudante, então peguem isso.
Alice entrega quatro milhões nas mãos dos dois.
— Não posso aceitar tudo isso! — exclama, envergonhada.
— Pois eu aceito com prazer. Vou comprar uma espada nova!
— Por favor, aceite, Rina. Sei que isso não é o suficiente para pagar a dívida que Oliver criou, mas peço que aceite.
— Se você insiste, eu vou aceitar.
— Obrigado, gente.
— Acho que valeu a pena, mas agora deixa eu voltar para casa. Preciso tratar meus machucados.
— Eu também vou indo. Não me machuquei, mas estou exausta!
— Obrigado pela ajuda e juro que vou entender se vocês não quiserem se aventurar comigo.
— O que você está falando, Oliver? Nos encontramos na guilda amanhã!
— Não posso deixar meu parceiro ajudante de aventureiro na mão!
— Obrigado.
— Até amanhã, Oliver.
Juan e Rina vão embora, só sobrando Oliver e Alice.
— Alice, agora é sério.
— Diga, Oliver.
— Como você sobreviveu?
— Ah, você pergunta muito.
— Eu preciso saber, é sério!
— Vamos para casa, Oliver.
Alice pega a mão de Oliver e puxa o garoto na direção da sua casa.
— Alice, é sério, como você está viva?